sábado, 17 de dezembro de 2011

Dicas de Redação do Gabs

Para o Vestibular, a modalidade textual de ocorrência preferencial é a Dissertação Argumentativa. Algumas provas, vide a Unicamp, também contemplam outras modalidades, como a Carta Argumentativa (uma vertente em tom pessoal da Dissertação Argumentativa), a Narração (a famosa "história") e a Entrevista (apesar de sua estrutura jornalística, envolve uma forte caracterização argumentativa entre aquele que pergunta e aquele que responde).
Dessa forma, um texto que aborde a ampla temática da Redação no Vestibular deve versar a respeito da Dissertação Argumentativa, preferencialmente.
Como um "repeteco" das diversas propostas oferecidas pelas diversas Provas, a Dissertação Argumentativa deve ser escrita em:

Prosa (ou seja, utilizando-se de períodos e paragrafação adequada; os belos textos poéticos, escritos em versos e estrofes, devem ser evitados).
Norma Culta da Língua Portuguesa (considerando-se as Variantes Linguísticas, é aquela compatível com a Gramática e com os dizeres "formais" da Língua).
Número limitado de linhas (costuma-se pensar em 30 linhas para uma Dissertação Argumentativa suficiente, devendo-se dosar as palavras; um artifício que, pessoalmente, muito usei, é a adequação da letra – sempre legível – ao número de linhas permitido).
Presença de título (recentemente, de modo a avaliar de alguma forma a criatividade e capacidade de síntese do aluno, vêm sendo solicitados ao início de todo texto).

Antes de iniciarmos uma breve análise do texto Dissertativo Argumentativo, cabe ressaltar que toda e qualquer modalidade escrita necessita de leitura crítica prévia!
A definição global dessa modalidade textual envolve a exposição de uma opinião sobre o tema selecionado, na tentativa de se persuadir (convencer) o leitor (leitor universal), por meio de provas (argumentos) de sua validade.
A Dissertação Argumentativa compreende três momentos distintos, mas interligados:

• Introdução ou Tese
• Desenvolvimento ou Argumentação
• Conclusão

A escrita de um texto nesses moldes requer algumas recomendações:

Impessoalidade (aquele que disserta não deve se identificar, apelando sempre para elementos que tornem o texto impessoal, como o uso de pronomes, da partícula "se" e da voz passiva); nesse contexto, cabe o conceito do leitor universal, ou seja, deve-se escrever para um interlocutor indefinido, capaz de compreender qualquer argumento.
Evitar “achismos” e opiniões explícitas (não se devem utilizar pronomes de 1ª pessoa).
Utilizar argumentos favoráveis e desfavoráveis (argumento de ressalva - deve sempre ser refutado).
Argumentos devem ser consistentes (evitar “clichês”) e verdadeiros (verdade científica ou baseada na realidade).
Paragrafação adequada (deve-se contabilizar 1 parágrafo para a Introdução, 2-4 parágrafos para o Desenvolvimento e 1 parágrafo para a Conclusão).
Evitar repetições, seja de palavras (uso de sinônimos) ou ideias.
Seleção de palavras: evitar gírias, palavrões, termos técnicos, abreviações, gerundismo.

A Introdução, como parágrafo inicial do texto Dissertativo Argumentativo, tende a ser dividida em três momentos: a Apresentação (uma breve menção ao tema, de conteúdo expositivo, que pode ser feita a partir de uma citação ou um intertexto – será explicado adiante); a Tese propriamente dita (exposição da opinião acerca do assunto); o Gancho (conexão lógica com os argumentos; pode ser feito sob a forma de uma pergunta, desde que garantidamente respondida durante o Desenvolvimento).

O Desenvolvimento representa a porção textual de apresentação dos argumentos para defender sua tese, ou seja, é a parte crucial do texto para persuadir o leitor sobre sua opinião (cabe lembrar que não é necessário que, ao fim do texto, ele concorde plenamente com a sua opinião, mas sim que ele aceite seus argumentos e considere sua opinião plausível). Para tanto, a disposição dos argumentos deve seguir alguns critérios:

• Coerência: A sequência dos argumentos deve fazer sentido entre si e com a realidade.
• Coesão: A sequência dos argumentos deve manter a unidade do texto.
• Intertextos: O texto deve dialogar com ideias distintas, como históricas, literárias, filosóficas etc. A referência a elementos distintos da realidade é essencial a um bom texto dissertativo, especialmente aos elementos da coletânea (conjunto de textos e imagens fornecidos no corpo da Prova).
• Progressão Argumentativa: A sequência dos argumentos deve, de fato, representar uma sequência lógica de ideias, tornando o texto claro e conciso.

A Conclusão deve atuar com uma abordagem de ideias referente à retomada (utilização das palavras-chave) do conteúdo principal do texto, ou seja, um fechamento conferido à argumentação. Dessa forma, considera-se esse momento como cíclico, por conter referências à Introdução e Argumentação. Para tal, deve-se utilizar o tom descendente (não se pode deixar nenhuma conclusão a critério do leitor) e o tom sugestivo (como cidadãos atuantes, devemos elaborar soluções para a resolução do tema sugerido). Duas dicas para a conclusão: Evitar “frases de auto-ajuda” e conjunções conclusivas em seu início.

Uma vez entendida a estrutura de uma Dissertação Argumentativa, vale a pena comentar alguns critérios de anulação textual (devem ser evitados) e os critérios de avaliação e correção desses textos (devem ser priorizados).

Critérios de Anulação:
• Texto não-dissertativo;
• Fuga do tema proposto;
• Postura preconceituosa (fere os "Direitos Humanos");
• Informalidade de linguagem.

Critérios de Correção:
• Adequação à proposta;
• Coerência;
• Coesão;
• Aspectos linguísticos (uso da Norma Culta);
• Aspectos dissertativos (respeito aos 3 momentos).

Dito isso, mãos à obra, à confecção de grandes textos Dissertativos Argumentativos!

Gabriel E. Becher
Professor de Redação e Interpretação de Texto do Curso MedEnsina

Nenhum comentário:

Postar um comentário