domingo, 15 de novembro de 2015
terça-feira, 10 de novembro de 2015
domingo, 1 de novembro de 2015
Morte e Vida Severina de Cabral de Melo Neto
O livro Mortee Vida severina, do escritor brasileiro João Cabral de Melo Neto,
se enquadra entre as obras da literatura regionalista brasileira, tendo
sido escrito entre os anos de 1954 e 1955, mesmo ano em que foi publicado. Faz
parte da terceira fase do Modernismo, e conta a história de um retirante nordestino,
de nome Severino, que deixa o sertão por causa da seca e migra para o
litoral em busca de uma vida melhor.
O título da obra faz
referência ao sofrimento que Severino passa durante a viagem, relatada
através de um poema dramático que fez de João Cabral de Melo Neto um
dos poetas mais prestigiados da Literatura Brasileira.
Em sua viagem
Severino se depara com situações de morte, de desespero, de miséria e fome,
causadas principalmente pela seca. O livro faz também uma crítica ao
descaso dos governantes quanto a esta situação, vivida por tantos outros
nordestinos.
Encontra situações como a dos dois homens que
carregam um defunto até sua última morada, pois este havia sido
assassinado por expandir um pouco suas terras, e assim vai tendo seus encontros
com a vida e com a morte. Em outro momento houve uma cantoria, e ao
aproximar-se percebe que se tratava da encomendação de um corpo. Pensa algumas
vezes em interromper a viagem e voltar, pensa que
poderá não conseguir chegar ao destino pretendido, ou pensa ainda em
interromper a viagem e procurar algum tipo de trabalho pelo meio do caminho. Ao
pensar nesta possibilidade de trabalho, descobre que os únicos que
poderiam lhe dar algum dinheiro seriam aqueles de pessoas que ajudam na morte,
como médico, farmacêutico, coveiro, rezadeira, etc. Vê-se como um inútil,
já que nada daquilo sabia fazer, e para o que sabia fazer
não encontrava nenhum trabalho.
A
morte é tratada como algo vulgar, e as profissões que lidavam com a
morte como um negócio lucrativo.
Cemitérios,
coveiros, assassinatos, tudo leva severino ao desespero
e à expectativa de seu próprio fim, já que ele mesmo
não conseguia encontrar trabalho. Chega a conclusão de que a
realidade que encontra não é diferente da que já conhecia no
Sertão. Por fim, revela a intenção de suicidar-se, pois
já não vê diferença entre a morte e a vida. O nascimento de
uma criança, contudo, é o fato responsável pelo renascer da
esperança de Severino.
O autor utiliza uma linguagem poética,
porém concisa, engajada, buscando mais o concreto e o visual do que os
sentimentos. O livro é considerado uma reconstrução dos autos
medievais, porém retratando a realidade atual das populações nordestinas.
3° fase do modernismo - Geração de 45
Terceira Geração Modernista
A terceira geração modernista, terceira fase do modernismo no
Brasil ou “Fase Pós-Modernista” representa o
último momento da produção modernista. Também chamada de “Geração de 45”, a última fase do modernismo começa em 1945
e se estende até 1980, embora alguns estudiosos prefiram apontar o fim do
modernismo na década de 1960 e outros, ainda, afirmam que o modernismo está
presente até os dias atuais.
Diferente da
primeira geração modernista, os escritores desse período possuíam uma atitude
mais formal, em oposição ao espírito radical, contestador e de liberdade
desenvolvido a partir da Semana de Arte Moderna de 1922.
Resumo
Lembre-se que o Modernismo no
Brasil está dividido em três gerações, sendo a prosa o tipo de
texto mais explorado na terceira fase. De tal modo, os tipos de prosa do
período são classificados segundo sua temática: prosa urbana, prosa intimista e prosa regionalista.
A principal
caraterística da prosa urbana é sua ambientação nos espaços da cidade, em
detrimento do campo e do espaço agrário, da qual destaca-se Lygia Fagundes
Telles.
Nesse ínterim, a prosa regionalista absorve, por
outro lado, aspectos do campo, da vida agrária, da fala coloquial e
regionalista, por exemplo, na obra de Guimarães Rosa.
Por sua vez, a prosa
intimista é determinada pela exploração de temas humanos e, portanto, é mais
íntima, psicológica e subjetiva, observada nas obras de Clarice Lispector e de
Lygia Fagundes Telles.
Ainda que a prosa
tenha sido o tipo de texto mais explorado na terceira geração modernista, a
poesia é apresentada mediante aspectos de equilíbrio, e por isso, os poetas do
momento eram chamados de “Neoparnasianos”, ao fazerem referência as principais
características da poesia parnasiana: preocupação com a estética, metrificação,
versificação, além da busca da perfeição e do culto à forma.
Saiba mais em: Geração de 45.
Características
- · Segue abaixo, as principais características da terceira geração modernista:
- · Academicismo
- · Passadismo e retorno ao passado
- · Oposição à liberdade formal
- · Experimentações artísticas (ficção experimental)
- · Realismo fantástico (contos fantásticos)
- · Retorno à forma poética (valorização da métrica e da rima)
- · Influência do Parnasianismo e Simbolismo
- · Inovações linguísticas e metalinguagem
- · Regionalismo universal
- · Temática social e humana
- · Linguagem mais objetiva
Contexto Histórico
O momento em que
surge a terceira geração modernista no Brasil, é o período menos conturbado em
relação às outras duas gerações, ou seja, é o momento de redemocratização do
país, visto que em 1945, termina o Estado Novo (1937-1945) no país,
implementado pela ditadura de Getúlio Vargas.
Em nível mundial, o
ano de 1945 é também o fim da segunda guerra mundial e do sistema totalitário
do Nazismo, entretanto, começa a Guerra Fria (Estados Unidos e União Soviética)
e a Corrida Armamentista.
Autores e Obras
Os principais
autores e obras dessa fase são:
João Cabral de Melo Neto (1920-1999): conhecido como “poeta engenheiro”,
João se destacou na prosa e na poesia pelo rigor estético apresentado em suas
obras: "Pedra do Sono" (1942), "O Engenheiro"
(1945) e "Morte e Vida
Severina" (1955).
Clarice Lispector (1920-1977): se destacou na prosa e na poesia com um caráter
lírico e intimista: "Perto do Coração Selvagem" (1947), "A
Cidade Sitiada" (1949), "A Paixão Segundo GH" (1964),
"A Hora da Estrela" (1977).
João Guimarães Rosa (1908-1967): Foi um dos maiores poetas do Brasil, sendo que a
maioria de suas obras são ambientadas no sertão: "Sagarana"
(1946), "Corpo de Baile" (1956), "Grande
Sertão: Veredas" (1956), "Primeiras Estórias"
(1962)
Ariano Suassuna (1927-2014): Defensor da cultura popular
brasileira, Suassuna escreveu romances e poesias dos quais se destacam: "Os
homens de barro" (1949), "Auto de João da Cruz" (1950),
"O Rico Avarento" (1954) e "O Auto da Compadecida"
(1955).
Lygia Fagundes Telles (1923-):
escreveu romances, contos e poesias sendo uma de suas marcas a exploração
psicológica das personagens em sua obra: "Ciranda de Pedra"
(1954), "Verão no Aquário" (1964), "Antes do Baile
Verde" (1970), "As Meninas" (1973)
Fonte: Toda Matéria
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