terça-feira, 17 de agosto de 2010
quarta-feira, 17 de março de 2010
quarta-feira, 10 de março de 2010
O FILME PROIBIDO SOBRE A REDE GLOBO
O Filme proibido sobre a Rede Globo produzido pela BBC
O vídeo mostra como Roberto Marinho construiu o império das organizações globo, como pode corromper e manipular...(...) mostra também entrevistas de várias personalidades além de esclarecer vários fatos como 'Nec do Brasil' ' Grupo Time Life'. Após assistir esse filme você terá outra visão sobre a Rede Globo de Televisão.
UM POUCO DA HISTÓRIA SECRETA
Um super investimento do governo militar em telecomunicação da suporte para que nasça uma das maiores rede de tv do mundo. ( Pão e circo ao povo) futebol, novela, carnaval transmitidos ao Brasil e a saúde e educação abandonados mas o povo sob total controle da REDE GLOBO ... que em troca transmitia apenas o que era conveniente ao's' governo's'...AI5, Seqüestro do embaixador americano, bombardeio do teatro, assassinato de jornalista isso tudo era proibido de ser passado em meios de comunicação, porém a REDE GLOBO foi muito além do que era solicitado. Tancredo Neves ganha as eleições e logo anuncia Antonio Carlos Magalhães como ministro das telecomunicações porém, morre antes de assumir a presidência. Sarnei assume e mantém Antonio Carlos Magalhães como ministro das telecomunicações..... Antonio Carlos Magalhães cancela contrato com a NEC do Brasil que passa a valer muito pouco e logo é comprada pela REDE GLOBO após a compra Antonio Carlo Magalhães volta os contratos com a NEC do Brasil com Governo Federal com isso a REDE GLOBO ganha 350 Milhões rapidamente. Em troca Antonio Carlos Magalhães ganha algumas concessões da Rede Globo na Bahia , o Presidente Sarnei dá 90 concessões de TV em seu mandato Só o Presidente Sarnei ganha 2 afiliadas da Rede Globo. Desde então nenhuma concessão foi dada.
Algumas Declarações contidas no Documentário:
Chico Buarque (A tv globo proibia pessoas de existir, ela tornava pessoas em não pessoas... ela ia muito além do que era solicitada)
Washington Olivetto ( O Brasil as vezes deixa de falar português e passa a falar TV Globes.)
A Palavra do Presidente ( Que os ricos sejam mais ricos para que os pobre por sua vez sejam menos pobres.)
A Palavra do Presidente ( Quando vejo o mundo ele está terrível, mas quando vejo o brasil na TEVÊ GLOBO tudo está uma maravilha)
Luiz Inacio Lula da Silva (a globo só mente ... ela só informa sobre interesses patronais...)
Armando Nogueira, fala diretamente ao dono da empresa Globo (Dr Roberto eu não vi esse compacto, se tivesse visto eu teria impedido que ele fosse ao ar, ..... a REDE GLOBO foi infeliz e fez uma edição burra... - Se referindo ao debate para presidente Collor x Lula) imediatamente após a reclamação Armando Nogueira chefe de jornalismo da Rede Globo há 22 anos foi aposentado e substituído pelo editor do debate.
terça-feira, 9 de março de 2010
FALSOS MALANDROS
Estou falando desses jovens, eles e elas, que andam por aí, em maioria. Quando entro nas escolas para fazer palestras, já começo dizendo que "aqui neste auditório de 500, 600 de vocês, vai ser difícil achar um esperto, um guri ou guria que, de fato, possa se dizer esperto. O que mais há aqui dentro é trouxa metido a esperto".
E dou exemplos: sair por aí cantando os pneus do carro, se achando o tal, qualquer doente mental faz isso. Beber, encher a cara na pizzaria da cidade, abrir o porta-malas do carro e deixar o som berrar é coisa de abobado, de um estúpido que pensa que está agradando. Pobre bronco.
E as gurias, que agora deram para beber? Deram, também, para consumir "balinhas" de ecstasy, que ridículas. E se acham. E por que fazem isso? Porque não se garantem, se acham feias, sem graça, sem ideias, sem nada de interessante. E elas têm razão, são isso mesmo. E o são porque não estudam, porque não se respeitam, porque se deixam passar de mão em mão por bobões que nada sabem da vida e que andam de carrões dados pelos pais. Que malandragem é essa?
Acabo de ler que jovens no Rio e São Paulo (só lá...?) não sabem mais o que inventar para se drogar nas baladas, nas festinhas. Andam misturando todo tipo de remédios psicotrópicos com bebidas ou sem elas para ficarem "numa boa". Pobres diabos.
E já nem vou falar dos pais deles, mais das vezes infelizes existenciais que justificam a loucura dos filhos. Essa é, leitora, infelizmente, a verdade do que anda por aí. Comportadas, claro, as magníficas exceções, tão raras, tão raras.
Quem conhecer alguma pessoa, uma única, um jovem, um único, que tenha resolvido os seus problemas existenciais com drogas, por favor, faça-me saber. Vou recomendá-lo ao Faustão, ao Fantástico, para um entrevista.
E a pessoa será anunciada assim: e agora vocês vão conhecer alguém que resolveu todos os seus problemas de covardia existencial com drogas, com vocês, fulano de tal... Bolas!
O diacho disso tudo é que tem muito "velho", caras de 25 anos para cima, consumindo drogas, legais e ilegais, para dar combate ao vazio existencial, às frouxidões do caráter. E muitos desses fazem filhos. Pior de tudo, acharam uma sonsa com quem casar. Duvidas do que digo? Dê uma saidinha à noite e espiche o olhar...
PRECONCEITO LINGUÍSTICO
O preconceito linguístico é
uma forma de preconceito a determinadas variedades linguísticas. Para a
linguística, os chamados erros gramaticais não existem nas línguas naturais,
salvo por patologias de ordem cognitiva. Segundo os linguistas, a noção de
correto imposta pelo ensino tradicional da gramática normativa origina um
preconceito contra as variedades não-padrão.
Origens
O sociólogo Nildo
Viana foi quem primeiro apresentou uma visão marxista deste
fenômeno, relacionando-o com a educação escolar e a dominação de classe, bem
como questionando pesquisadores deste tema. Para Viana, a linguagem é um
fenômeno social e está ligada ao processo de dominação, tal como o sistema
escolar, que é a fonte da "dominação linguística". A ligação
indissolúvel entre linguagem, escrita e educação com os processos de dominação,
segundo o autor, é a fonte do preconceito linguístico, pois a língua escrita
veiculada pela escola se torna a língua padrão e esta se torna norma geral que
todos devem seguir, mas o seu modelo se encontra entre os setores privilegiados
e dominantes da sociedade. Assim, ele conclui que a escola é a base do
preconceito linguístico, e esta reproduz as desigualdades sociais.
Na Inglaterra,
por sua vez, a linguista Deborah
Cameron, autora do livro Verbal Hygiene, inicia sua obra
citando uma manchete um jornal dominical, que diz numa tradução livre
"Tradições Inglesas do Passado estão sob ameça". A reportagem não
remete a nenhum grande costume inglês, mas sim a cidadãos ingleses comumente
chamados de "anoraks", que saem às ruas para panfletar que a língua
inglesa está sendo descaracterizada, arruinada pela mídia em geral.
Como isso se torna relevante para um livro chamado Higiene Verbal?
O que ficaria claro, a partir desse ponto, é que
existe um número significativo de pessoas que se importam sobre questões
linguísticas; essas pessoas não apenas falam seu próprio idioma,
mas são apaixonadas por ele. A autora se propõe então a ouvir o que essas
pessoas têm a dizer, e compreender o porquê delas agirem de tal modo.
A autora comenta uma situação na qual ela estava com
um grupo dessas pessoas presentes no Conway
Hall (um centro de estudos culturais, independente) e, quando ela
disse que era uma linguista, todos ficaram animados, e disseram: “Uau, como os
linguistas combatem esses abusos da linguagem?”. A autora, meio sem jeito,
acabou evitou a discussão. Ela acredita que eles não entenderiam que a
linguística é uma ciência descritiva, e não prescritiva, além de acreditar que
essa seria uma resposta um tanto rude. Em 5
de julho de 1993,
num programa de rádio da BBC,
Michael Dummet, um professor emérito de lógica,
apontava para o trágico estado da língua
inglesa e apontava como culpadas desse fato as idéias ridículas dos
linguistas. Linguistas, diz ele, proclamam que a Língua não importa, e pode ser
usada e abusada à vontade.
Entre outros casos considerados
"trágico-cômicos" pela Linguística,
a autora cita um memorando do jornal The
Times, onde o editor diz para os jornalistas que não usem a palavra
"consensus", pois era uma palavra horrível/odiosa. Por fim, a
autora reitera sua proposta de tentar compreender (compreender não significa
concordar, ela deixa isso claro) o posicionamento assumido por essas pessoas
frente a questões linguísticas.
Nos Estados
Unidos da América, apesar da não existência de uma academia reguladora
dos assuntos da linguagem, não faltam pessoas que tomam pra si essa função,
sendo elas conhecidas como "language mavens". Essas pessoas
chegam até mesmo a constituir grupos de defesa de um chamado "inglês
real", verdadeiro, ou numa posição mais globalista como acontece no caso
do Esperanto.
Elas mandam cartas para jornais dizendo/apontando para um "declínio do bom
inglês". Seus alvos vão além dos jornais, chegando a atacar anunciantes de
panfletos, banners etc.
Variação linguística e preconceito
Da mesma forma que a humanidade evolui e se modifica
com o passar do tempo, a língua acompanha essa evolução e varia de acordo com
os diversos contatos entre os seres pertencentes à comunidade universal. Assim,
é considerada um objeto histórico, sujeita a transformações, que se modifica no
tempo e se diversifica no espaço. Existem quatro modalidades que explicam as
variantes linguísticas:
Variação histórica (palavras e expressões que caíram
em desuso com o passar do tempo);
Variação geográfica (diferenças de vocabulário,
pronúncia de sons e construções sintáticas em regiões falantes do mesmo
idioma);
Variação social (a capacidade linguística do
falante provém do meio em que vive, sua classe social, faixa etária, sexo e
grau de escolaridade);
variação estilística (cada indivíduo possui uma forma e
estilo de falar próprio, adequando-o de acordo com a situação em que se
encontra).
Entretanto, mesmo que as variantes acima descrit as
expliquem as variações linguísticas, o falante que não domina a língua
denominada "padrão" por sua comunidade linguística, sofre
preconceitos e é "excluído" da "roda dos privilegiados",
aqueles que tiveram acesso à educação de qualidade e, por isso, consideram-se
"melhores" que os demais. Esse tipo de preconceito é
denominado preconceito linguístico.
De acordo com Marcos
Bagno, "preconceito linguístico é a atitude que consiste em
discriminar uma pessoa devido ao seu modo de falar". Como já dito, esse
preconceito é exercido por aqueles que tiveram acesso à educação de qualidade,
à “norma padrão de prestígio”, ocupam as classes sociais dominantes e, sob o
pretexto de defender a língua portuguesa, acreditam que o falar daqueles sem
instrução formal e com pouca escolarização é “feio”, e carimbam o diferente sob
o rótulo do ”erro”. Infelizmente, “preconceito linguístico” é somente uma
denominação “bonita” para um profundo preconceito “social”: não é a maneira de
falar que sofre preconceito, mas a identidade social e individual do falante.
Há muitos preconceitos no mundo todo: preconceito
racial, preconceito contra os pobres, contra as mulheres..., enfim, uma
infinidade de “absurdos” cometidos por parte dos “ignorantes”. Mas, dentro do
chamado “preconceito linguístico”, posso citar alguns considerados “destaque”,
devido à constante frequência de suas ocorrências.
“A norma padrão constitui o português correto; tudo o que foge a ela representa
erro”. Dentro do ambiente escolar, muitos professores costumam repetir essa
frase. Porém, é necessário que eles compreendam que não existe português certo
ou errado, mas modalidades de prestígio ou desprestígio que correspondem ao
meio e ao falante. O apagamento de uma modalidade em favor de outra é
despersonalizador, pois o indivíduo, ao ingressar na escola, possui um
repertório cultural já formado pelo seu meio e, se lhe for dito que tudo o que
conhecia (no caso, sua linguagem) é “errado”, perderá sua identidade verdadeira
e poderá adquirir o preconceito. Por isso, é desejável que o aluno não abandone
sua modalidade em seu meio. Mas, a prática da norma culta deve ser ensinada
para a promoção social do mesmo.
As instituições de ensino deveriam tratar a questão do
ensino da norma culta e das variantes linguísticas de maneira com que os alunos
conseguissem compreender a norma e suas variantes. Deveriam promover aos alunos
uma reflexão sobre a língua materna, distinguindo o que é adequado ou
inadequado em determinadas situações de uso. Dessa forma, a classe
sócio-economicamente desprivilegiada teria a oportunidade de ascensão social e
de acesso aos instrumentos culturais, obtendo prestígio.
Mas, ao contrário do que é realmente adequado ao
ensino da língua, as escolas estão mantendo as classes menos favorecidas em um
baixo patamar, sem lhes promover o conhecimento da língua materna e a reflexão
sobre as variações linguísticas existentes, privando-as de uma oportunidade de
ascensão social.
É importante que os professores promovam os
instrumentos necessários para que os alunos possam ser capazes de compreender
as linguagens formal e informal e adequá-la às diversas situações que lhes
acontecerem. Há também a necessidade de fazê-los refletir sobre o que é “certo
e errado”, levando em consideração as diversas variações históricas,
estilísticas, geográficas e sociais que a linguagem possui.
“O bom português é aquele praticado em determinada
região”, “O caboclo fala errado”, “Nenhum brasileiro fala o português
corretamente”. Indivíduos não conhecedores das variantes linguísticas “adoram”
fazer afirmações como essas. Mas é preciso que coloquem em suas mentes que a
língua varia de acordo com a região em que é falada (devido à sua cultura,
costumes e classe social) e que essa variação afeta a norma criando, então, uma
modalidade de linguagem para cada situação específica de ocorrência verbal. Não
existe então “certo e errado” no ato linguístico, mas sim variantes decorrentes
de alguns fatores como região, classe social e etc.
“O bom português é o das épocas de ouro da
literatura”. Primeiro, há um português culto falado e um escrito. Mas a língua
escrita é mais conservadora que a falada; segundo, a norma ancora a língua no
contemporâneo; terceiro, a língua é um fenômeno social, e sua existência
prende-se aos grupos que a instituíram.
Bagno afirma que “A mídia poderia ser um elemento
precioso no combate ao preconceito linguístico. Infelizmente, ela é hoje o pior
propagador deste preconceito. Enquanto os estudiosos, os cientistas da
linguagem, alguns educadores e até os responsáveis pelas políticas oficiais de
ensino já assumiram posturas muito mais democráticas e avançadas em relação ao
que se entende por língua e por ensino de língua, a mídia reproduz um discurso
extremamente conservador, antiquado e preconceituoso sobre a linguagem”.
Programas de rádio e televisão, sites da internet,
colunas de jornal e outros meios de multimídia estão cheios de “absurdos”
teóricos e “distorções”, pois são feitos por pessoas sem formação científica
sobre o assunto. Divulgam “bobagens” sobre a língua e discriminam os estudiosos
da linguagem. Isso atrapalha a desmistificação do “certo e errado” e acaba
propagando o preconceito.
Em suma, para se acabar com o preconceito, seja ele
racial, social ou qualquer outro, é necessário que haja uma democratização da
sociedade, que dê oportunidades “iguais” a todos, reconhecendo e respeitando
suas diferenças. E mais: a palavra “preconceito” significa um “pré” conceito
daquilo que ainda não se conhece a fundo. A partir do momento em que se estuda
determinado assunto, que se aprende sobre ele, o que se deve adquirir é “respeito”,
e não “discriminação”.
Bibliografia
BAGNO, Marcos. Preconceito
lingüístico. São Paulo: Edições Loyola, 2001. ISBN
8515018896
CAMERON,
Deborah. Verbal Hygiene, Londres e Nova Iorque: Routledge, 1995. ISBN
041510355X
POSSENTI,
Sírio. Por que (não) ensinar gramática na escola. Campinas: Mercado
das Letras, 1997. ISBN
8585725249
VIANA, Nildo. Educação,
Linguagem e Preconceito Lingüístico. Plurais. vol. 01, n. 01. Jul./Dez.
2004.
Ligações externas
Artigo
de Sírio Possenti, linguista e professor na UNICAMP
Artigo
de Marcos Bagno, escritor, tradutor, linguista e professor na UNB
Artigo
de Deborah Cameron, linguista
Preconceito
Lingüístico e não lingüístico, Artigo Fábio Della Paschoa Rodrigues,
bacharel em Letras pela UNICAMP]
Educação
e Preconceito Lingüístico, de Nildo Viana, sociólogo.
Origens
O sociólogo Nildo Viana foi quem primeiro apresentou uma visão marxista deste fenômeno, relacionando-o com a educação escolar e a dominação de classe, bem como questionando pesquisadores deste tema. Para Viana, a linguagem é um fenômeno social e está ligada ao processo de dominação, tal como o sistema escolar, que é a fonte da "dominação linguística". A ligação indissolúvel entre linguagem, escrita e educação com os processos de dominação, segundo o autor, é a fonte do preconceito linguístico, pois a língua escrita veiculada pela escola se torna a língua padrão e esta se torna norma geral que todos devem seguir, mas o seu modelo se encontra entre os setores privilegiados e dominantes da sociedade. Assim, ele conclui que a escola é a base do preconceito linguístico, e esta reproduz as desigualdades sociais.
Na Inglaterra, por sua vez, a linguista Deborah Cameron, autora do livro Verbal Hygiene, inicia sua obra citando uma manchete um jornal dominical, que diz numa tradução livre "Tradições Inglesas do Passado estão sob ameça". A reportagem não remete a nenhum grande costume inglês, mas sim a cidadãos ingleses comumente chamados de "anoraks", que saem às ruas para panfletar que a língua inglesa está sendo descaracterizada, arruinada pela mídia em geral. Como isso se torna relevante para um livro chamado Higiene Verbal?
O que ficaria claro, a partir desse ponto, é que existe um número significativo de pessoas que se importam sobre questões linguísticas; essas pessoas não apenas falam seu próprio idioma, mas são apaixonadas por ele. A autora se propõe então a ouvir o que essas pessoas têm a dizer, e compreender o porquê delas agirem de tal modo.
A autora comenta uma situação na qual ela estava com um grupo dessas pessoas presentes no Conway Hall (um centro de estudos culturais, independente) e, quando ela disse que era uma linguista, todos ficaram animados, e disseram: “Uau, como os linguistas combatem esses abusos da linguagem?”. A autora, meio sem jeito, acabou evitou a discussão. Ela acredita que eles não entenderiam que a linguística é uma ciência descritiva, e não prescritiva, além de acreditar que essa seria uma resposta um tanto rude. Em 5 de julho de 1993, num programa de rádio da BBC, Michael Dummet, um professor emérito de lógica, apontava para o trágico estado da língua inglesa e apontava como culpadas desse fato as idéias ridículas dos linguistas. Linguistas, diz ele, proclamam que a Língua não importa, e pode ser usada e abusada à vontade.
Entre outros casos considerados "trágico-cômicos" pela Linguística, a autora cita um memorando do jornal The Times, onde o editor diz para os jornalistas que não usem a palavra "consensus", pois era uma palavra horrível/odiosa. Por fim, a autora reitera sua proposta de tentar compreender (compreender não significa concordar, ela deixa isso claro) o posicionamento assumido por essas pessoas frente a questões linguísticas.
Nos Estados Unidos da América, apesar da não existência de uma academia reguladora dos assuntos da linguagem, não faltam pessoas que tomam pra si essa função, sendo elas conhecidas como "language mavens". Essas pessoas chegam até mesmo a constituir grupos de defesa de um chamado "inglês real", verdadeiro, ou numa posição mais globalista como acontece no caso do Esperanto. Elas mandam cartas para jornais dizendo/apontando para um "declínio do bom inglês". Seus alvos vão além dos jornais, chegando a atacar anunciantes de panfletos, banners etc.
Variação linguística e preconceito
Da mesma forma que a humanidade evolui e se modifica com o passar do tempo, a língua acompanha essa evolução e varia de acordo com os diversos contatos entre os seres pertencentes à comunidade universal. Assim, é considerada um objeto histórico, sujeita a transformações, que se modifica no tempo e se diversifica no espaço. Existem quatro modalidades que explicam as variantes linguísticas:
Variação histórica (palavras e expressões que caíram em desuso com o passar do tempo);
Variação geográfica (diferenças de vocabulário, pronúncia de sons e construções sintáticas em regiões falantes do mesmo idioma);
Variação social (a capacidade linguística do falante provém do meio em que vive, sua classe social, faixa etária, sexo e grau de escolaridade);
variação estilística (cada indivíduo possui uma forma e estilo de falar próprio, adequando-o de acordo com a situação em que se encontra).
Entretanto, mesmo que as variantes acima descrit as expliquem as variações linguísticas, o falante que não domina a língua denominada "padrão" por sua comunidade linguística, sofre preconceitos e é "excluído" da "roda dos privilegiados", aqueles que tiveram acesso à educação de qualidade e, por isso, consideram-se "melhores" que os demais. Esse tipo de preconceito é denominado preconceito linguístico.
De acordo com Marcos Bagno, "preconceito linguístico é a atitude que consiste em discriminar uma pessoa devido ao seu modo de falar". Como já dito, esse preconceito é exercido por aqueles que tiveram acesso à educação de qualidade, à “norma padrão de prestígio”, ocupam as classes sociais dominantes e, sob o pretexto de defender a língua portuguesa, acreditam que o falar daqueles sem instrução formal e com pouca escolarização é “feio”, e carimbam o diferente sob o rótulo do ”erro”. Infelizmente, “preconceito linguístico” é somente uma denominação “bonita” para um profundo preconceito “social”: não é a maneira de falar que sofre preconceito, mas a identidade social e individual do falante.
Há muitos preconceitos no mundo todo: preconceito racial, preconceito contra os pobres, contra as mulheres..., enfim, uma infinidade de “absurdos” cometidos por parte dos “ignorantes”. Mas, dentro do chamado “preconceito linguístico”, posso citar alguns considerados “destaque”, devido à constante frequência de suas ocorrências.
“A norma padrão constitui o português correto; tudo o que foge a ela representa erro”. Dentro do ambiente escolar, muitos professores costumam repetir essa frase. Porém, é necessário que eles compreendam que não existe português certo ou errado, mas modalidades de prestígio ou desprestígio que correspondem ao meio e ao falante. O apagamento de uma modalidade em favor de outra é despersonalizador, pois o indivíduo, ao ingressar na escola, possui um repertório cultural já formado pelo seu meio e, se lhe for dito que tudo o que conhecia (no caso, sua linguagem) é “errado”, perderá sua identidade verdadeira e poderá adquirir o preconceito. Por isso, é desejável que o aluno não abandone sua modalidade em seu meio. Mas, a prática da norma culta deve ser ensinada para a promoção social do mesmo.
As instituições de ensino deveriam tratar a questão do ensino da norma culta e das variantes linguísticas de maneira com que os alunos conseguissem compreender a norma e suas variantes. Deveriam promover aos alunos uma reflexão sobre a língua materna, distinguindo o que é adequado ou inadequado em determinadas situações de uso. Dessa forma, a classe sócio-economicamente desprivilegiada teria a oportunidade de ascensão social e de acesso aos instrumentos culturais, obtendo prestígio.
Mas, ao contrário do que é realmente adequado ao ensino da língua, as escolas estão mantendo as classes menos favorecidas em um baixo patamar, sem lhes promover o conhecimento da língua materna e a reflexão sobre as variações linguísticas existentes, privando-as de uma oportunidade de ascensão social.
É importante que os professores promovam os instrumentos necessários para que os alunos possam ser capazes de compreender as linguagens formal e informal e adequá-la às diversas situações que lhes acontecerem. Há também a necessidade de fazê-los refletir sobre o que é “certo e errado”, levando em consideração as diversas variações históricas, estilísticas, geográficas e sociais que a linguagem possui.
“O bom português é aquele praticado em determinada região”, “O caboclo fala errado”, “Nenhum brasileiro fala o português corretamente”. Indivíduos não conhecedores das variantes linguísticas “adoram” fazer afirmações como essas. Mas é preciso que coloquem em suas mentes que a língua varia de acordo com a região em que é falada (devido à sua cultura, costumes e classe social) e que essa variação afeta a norma criando, então, uma modalidade de linguagem para cada situação específica de ocorrência verbal. Não existe então “certo e errado” no ato linguístico, mas sim variantes decorrentes de alguns fatores como região, classe social e etc.
“O bom português é o das épocas de ouro da literatura”. Primeiro, há um português culto falado e um escrito. Mas a língua escrita é mais conservadora que a falada; segundo, a norma ancora a língua no contemporâneo; terceiro, a língua é um fenômeno social, e sua existência prende-se aos grupos que a instituíram.
Bagno afirma que “A mídia poderia ser um elemento precioso no combate ao preconceito linguístico. Infelizmente, ela é hoje o pior propagador deste preconceito. Enquanto os estudiosos, os cientistas da linguagem, alguns educadores e até os responsáveis pelas políticas oficiais de ensino já assumiram posturas muito mais democráticas e avançadas em relação ao que se entende por língua e por ensino de língua, a mídia reproduz um discurso extremamente conservador, antiquado e preconceituoso sobre a linguagem”.
Programas de rádio e televisão, sites da internet, colunas de jornal e outros meios de multimídia estão cheios de “absurdos” teóricos e “distorções”, pois são feitos por pessoas sem formação científica sobre o assunto. Divulgam “bobagens” sobre a língua e discriminam os estudiosos da linguagem. Isso atrapalha a desmistificação do “certo e errado” e acaba propagando o preconceito.
Em suma, para se acabar com o preconceito, seja ele racial, social ou qualquer outro, é necessário que haja uma democratização da sociedade, que dê oportunidades “iguais” a todos, reconhecendo e respeitando suas diferenças. E mais: a palavra “preconceito” significa um “pré” conceito daquilo que ainda não se conhece a fundo. A partir do momento em que se estuda determinado assunto, que se aprende sobre ele, o que se deve adquirir é “respeito”, e não “discriminação”.
Bibliografia
BAGNO, Marcos. Preconceito lingüístico. São Paulo: Edições Loyola, 2001. ISBN 8515018896
CAMERON, Deborah. Verbal Hygiene, Londres e Nova Iorque: Routledge, 1995. ISBN 041510355X
POSSENTI, Sírio. Por que (não) ensinar gramática na escola. Campinas: Mercado das Letras, 1997. ISBN 8585725249
VIANA, Nildo. Educação, Linguagem e Preconceito Lingüístico. Plurais. vol. 01, n. 01. Jul./Dez. 2004.
Ligações externas
Artigo de Sírio Possenti, linguista e professor na UNICAMP
Artigo de Marcos Bagno, escritor, tradutor, linguista e professor na UNB
Artigo de Deborah Cameron, linguista
Preconceito Lingüístico e não lingüístico, Artigo Fábio Della Paschoa Rodrigues, bacharel em Letras pela UNICAMP]
Educação e Preconceito Lingüístico, de Nildo Viana, sociólogo.